BIDI - 2012.05.16
***** Pergunta:- Eu estou acompanhada, no exterior e no interior de mim, por esse que foi meu companheiro, e eu já não sei quem sou eu e quem é ele. Já não sei quem pensa, quem fala e quem age. Como um Corpo aqui para dois e outra coisa em outro lugar. Com efeito, isto já não é mais nem eu, nem ele, mas simplesmente a Vida que flui.
R:- Isto é um primeiro esboço mas ainda não está finalizado. O modo como o exprimes, «quem pensa, tu ou ele?» quer dizer que existem dois que pensam no lugar de um.
Há uma etapa.
É essa que tu vives mas não te pára aqui, porque, de momento, ainda há uma Identidade: aquele que era para ti, o que ele foi e que ele é, hoje, outra coisa, através do que tu ÉS, através desse que não é mais o eu mas o SER.
Efetivamente, a Vida flui. Mas, além disso, isso que tu vives é uma premissa. É uma aproximação. Mas mesmo isso, é necessário ir além.
Não pares neste Caminho, porque não há Caminho….Não há ele… Não há tu…
Há a perseguição, através disso, de qualquer coisa que não é O ABSOLUTO mas que é Romântico.
O Romantismo não é O ABSOLUTO, porque ele mantém a Ilusão de serem dois… Não existem dois!
Aquilo a que te convida aquele, que foi teu companheiro, é hoje, O ABSOLUTO.
Ele diste-o no que ele te diz: ele já não é esse que tu conheceste.
Portanto, há que ir além.
Através do impulso que se move em ti, é necessário ir além.
E para ir além, é necessário que o Olhar nunca mais se situe sobre uma qualquer coisa exterior que não tem mais existência que os dois que estão em ti.
A Fusão é um mecanismo onde não há mais dois.
Portanto, não há nada a saber: quem pensa ou quem não pensa,… ou será que os dois pensam?
Vai além do Pensamento.
Vai além das explicações.
Vai além do que foi dado.
Aquele que foi o que ele era para ti, não te pode apressar.
Ninguém te pode intimidar.
Houve aproximação.
A aproximação está realizada.
Depois dessa aproximação, isso faz parte, também, do Conhecido e, nesse Conhecido, há uma História, aquela que foi vivida mas que não é mais aquela que é para viver.
Para isso, é necessário, portanto, também silenciar isso.
É nesse Sentido que a Vida flui, sim, como tu o dizes.
Mas pára a Vida, não parando a tua Vida.
Deixa viver o que é para viver.
Não reflitas.
Não faças perguntas.
Contenta-te em estar no que flui e que vai parar porque a Verdadeira Vida não flui.
É A ONDA DE VIDA que flui.
O contato desencadeia o sentimento de estar em Fusão, mas enquanto houver um EU, o teu ou o seu, vocês não são o que ele É hoje.
Cabe a ti, se me posso expressar assim, subir.
Mas esta subida não é uma subida.
É, aí também, um Abandono, onde não há mais tu, não há mais ele.
Se é para viver este ABSOLUTO, através do que se realiza em ti, por ele e para ti, é necessário ultrapassar «ele» e «tu», porque há, necessariamente, na tua memória que ainda está presente, uma forma de nostalgia, uma forma de perda.
O que substituiu a perda deve colocar um fim à perda.
Além da Identidade, da tua como da sua, ele fala-te aliás, daquilo que se aproxima.
Isso é, de qualquer modo, este ÚLTIMO… Ele propõe-to… Ele sugere-o no que tu recebes, mas ele não foi treinado, mesmo que tu não tenhas sido treinada em qualquer coisa que está inscrita no tempo e no Efémero de uma Vida, a tua como a sua.
A sua foi vivida, a tua vive-se.
Mas vocês não são, nem um nem outro, o que foi vivido e o que se vive.
Então não te preocupes com uma utilidade no Sentido humano, porque aquilo que tu poderás levar, tu Fundida com ele, e ele Fundido contigo, bem além de toda a Identidade, além de toda a Individualidade, ultrapassa largamente aquilo de que tu dependes atualmente.
Não é mantendo isso que se desenrolará isso por causa do qual ele está aí.
Certamente, lembra-te do que eu acabo de te dizer:
Ele não pode violar uma qualquer Liberdade que é imprescindível.
Ele, ele sabe-o. …Ele, ele Vive-o… Tu não!
O Princípio da Identificação era uma aproximação, mas é necessário ultrapassar, através desta Reunião ou desta União, até este Princípio de Identificação.
Então, desde o instante em que tu reconheces que não sabes quem pensa, …mas, da mesma forma, reconheces que tu procuras saber quem pensa, …desde o instante em que tu dás relevância a uma qualquer interrogação,… tu afastas-te do instante que deves viver, que está além de toda a interrogação.
A interrogação tornou-se e era, uma certeza, mas não deve tornar-se uma incerteza.
Senão, tu não podes, em nenhum momento, realizar, …se o posso dizer, …o que está previsto, e que é ABSOLUTO.
O Último apenas pode aparecer quando todo o Sentido de Identidade, de Individualidade, mesmo através desta Relação, desaparece, porque a própria Relação faz apelo à Dualidade.
Tu não podes relacionar-te com o que tu ÉS.
Apenas podes senão Sê-lo.
Ele sugere-te Sê-lo, isso tu sabe-lo.
Então não cedas às sirenes do Passado, isso não existe.
Não cedas às sirenes daqueles que querem aparecer-te como uma Função ou uma justificação do que quer que seja deste Mundo.
No entanto, tu sabes, no fundo de ti, que se desenrola «qualquer coisa».
Esta «qualquer coisa» que se desenrola não tem necessidade de ti, nem dele, nem de vocês, mas é ainda «outra coisa».
Se tu aceitas isso, então, nesse momento, o Abandono do SER será realizado e poderás viver, realmente, não o «EU SOU», não onde ele está, não onde tu estás, mas entrar no «NÃO-EU SOU», O NÃO-SER E A NÃO-CONSCIÊNCIA.
- Quais são os objetivos, os teus?
- Os seus não são os mesmo que os teus.
Não deve existir aí, simplesmente, uma sobreposição mas uma ultrapassagem do objetivo.
É apenas assim que um e outro poderão conduzir o que É, além de todo o SER, à FONTE do próprio SER, além da Consciência também.
Assim, portanto, entra mais no Interior, de ti, como dele, sem Ressonância exterior.
Enquanto houver uma utilidade procurada, ou desejada, relativa a este Mundo, tu estás ainda neste Mundo, tu estás ainda Limitado, ele te chama ao Ilimitado e tu sabe-lo, nenhuma influência deve exercer o que quer que seja.
Vive o que tu ÉS, não o que tu foste, não o que tu querias.
A melhor forma de te prestar serviço, e de SER, é precisamente ultrapassar isso, não por qualquer coisa de pessoal, ou uma Identidade de quem quer que seja, mas antes, como tu o dizes, pela Vida.
Cabe a ti decidir.
Cabe a ti aceitar o que foi dado, o que foi visto e o que, finalmente, deve SER totalmente ultrapassado através do Abandono do SER, do teu como do seu.
Mas para ele, é mais fácil.
Lá onde ele está, ele não existe a discriminação em Ressonância com as ligações e os Apegos e com o Corpo, com a História, com o Passado.
Tudo isso não é mais válido.
É uma oportunidade inestimável.
Cabe a ti ver… - onde te colocas tu?
Mas não te coloques em Relação ao que te é Conhecido, em Relação ao que te envolve, mas, unicamente, em Relação a ti, em ti, além de ti.
Junta-te à UNIDADE onde nada pode interferir, quaisquer que sejam as Ligações, quaisquer que sejam os Afetos, quaisquer que sejam os Apegos.
Nada disso existe.
Não te deixes levar para fora de ti, por ti ou por Outro.
Vive o que se vive, sem procurar mais nada.
Eu diria mesmo que o simples contato, além da Relação, se tu te Silencias, se não há mais questões, se não existirem mais interrogações sobre o Sentido de quem pensa, sobre o Sentido de quem é, então tudo é visto, sem nenhuma dificuldade, sem nenhuma pergunta, sem nenhuma resposta, sem nenhuma Dúvida.
Olha-te, além do que flui, onde estão as Dúvidas, quais são as tuas Dúvidas, porquê?
Não para encontrar uma resposta no exterior.
Transcende a Dúvida.
Transforma a Dúvida e deixa-a de lado.
Lembra-te que muitos Anciães te disseram:
A INTELIGÊNCIA DA LUZ, A INTELIGÊNCIA DA VIDA, A INTELIGÊNCIA DA ONDA DE VIDA.
- Porque te queres tu substituir a ela?
Onde está a necessidade de existência?
Onde está a necessidade de manter o que deve SER liberado, na sua totalidade?
Eu não te convido a cessar todos os contatos, antes pelo contrário, mas a entrar na intimidade do contato, no Sentido do contato e não numa qualquer tradução, aplicável a este Mundo, que não existe.
Tu estás no Real do que existe.
- Porque queres tu levar isso para o Irreal?
Deixa fazer, deixa SER. ..Muito mais… Não existe Relação… Não existe Comunicação… Há muito mais.
Não fiques no romantismo. Não fiques no recordar.
Os dois apenas pertencem a este Mundo.
E este Mundo passará, da mesma forma, que tu passarás.
- Qual a importância?
Não permaneças fixa.
Como tu o dizes, «deixa fluir mas não observes o que flui».
Desde esse instante, isso será.
E tu viverás, na totalidade, o que é para viver.
É a isso que ele te chama, bem além dele mesmo.
Quando tu falas de companheiro, tu evocas dois… Não há dois.
Aqui mesmo, como noutro lugar, quer isso seja através do que tu denominas ele ou tu, existe outra coisa.
Esquece a necessidade de persistir.
Esquece a necessidade de SER, quer isso seja numa História, numa Recordação ou num Contato.
A Etapa de que eu te falei é, efetivamente, cumprida mas não é por isso que tudo está cumprido.
Coloca-te sinceramente a questão:
- Para que serve isso?
- Para o que tu desejas ou para o que é?
Define-te na Liberdade.
***** Pergunta:- De manhã, ao acordar, o Corpo que eu habito gosta de ficar esticado durante horas, imóvel, pacífico e tranquilo. Este Estado corresponde ao que qualificam de Meditação?
R:- Quando é que eu denominei a Meditação, como sendo isto ou aquilo?
- Porque é que eu teria uma definição da Meditação?
- O que queres tu entender sobre a Meditação?
- Qual é a finalidade da Meditação, se é que isso é uma Meditação?
- Será que é uma complacência contigo mesmo?
- O que é que precisas tu de esquecer?
- Será que, nesse Estado, há uma Satisfação e o que é que é satisfeito?
- Não ter que confrontar o Mundo, a Ilusão?
- Ou será que, nesse instante, há além da Meditação, além do pacífico, a instalação de qualquer coisa que sempre esteve aí?
A única e Verdadeira questão está aí.
Não em saber se isto é uma Meditação ou um Samadhi, porque, quer isso seja uma Meditação ou isso seja um Samadhi, é necessário, aí também, ir além disso.
- O que é que quer o teu Corpo?
- É ele que quer se repousar ou é o teu Espírito que coloca esse Corpo em repouso, com a finalidade de viver qualquer coisa, de manifestar qualquer coisa?
Então, quer isso venha do Corpo, quer isso venha de uma Meditação, quer isso venha de um Estado de Presença, qual é a importância?
É necessário ultrapassares isso.
Se o teu Corpo te pede, aceita-o.
Se os teus Pensamentos ou o teu Espírito te pedem, aí também, aceita-o.
Mas apreende que tu não ÉS nada de tudo isso.
Não é porque o Corpo vive uma disposição de Espírito particular, ou porque o Espírito induz qualquer coisa de particular no Corpo, que tu deves manter a Ilusão desse Corpo e desse Espírito.
Satisfazeres-te num Estado, mesmo um dos mais agradáveis, não é suficiente.
E, por vezes, isso pode mesmo SER um obstáculo, não por o viver mas por se identificar com ele.
Não sejas isso.
Isso não quer dizer que tu te deves levantar, porque isso não mudará nada ao “ponto de vista”.
Terás o mesmo Olhar.
Apreende que o Mental vai-te fazer crer que se aceitas esse repouso, ou se o Corpo te pede esse repouso, tu vais-te aproximar do ABSOLUTO.
É falso.
Enquanto acreditares nisso, é a Ilusão de um desenrolar do tempo, porque o tempo de que tu falas é o amanhã do Despertar.
Tu poderias ter falado de um outro tempo, ao meio dia ou à noite, mas é ainda um tempo. Portanto, isso não é real porque é Efémero.
Não é a repetição da Experiência, quer ela seja pedida pelo Corpo, ou pelo Pensamento ou mesmo pelo Samadhi, que se instala, que vai resolver o problema, porque, precisamente, o problema é o Corpo e esse Espírito.
Eles interagem um sobre o outro, em permanência.
Isso não é A PAZ.
Isso não é o Samadhi.
Não é o facto de estar assim tranquilo que revela o que tu ÉS, além do SER, mas antes, precisamente, a Não-Identificação e ainda menos a justificação disso.
Pouco importa que isso seja uma Meditação.
Pouco importa que isso seja uma doença.
Pouco importa que isso seja sugerido pelo Mental ou mesmo pela Consciência.
Não permaneças nisso.
Se é para o viver, vive-o.
Mas tu não ÉS o que vive isso.
Tu, ÉS bem além.
Aceita vê-lo assim.
Não há nenhuma finalidade possível, relativamente a isso.
Não é a repetição no tempo, nos dias, na hora, que vai mudar o que quer que seja, porque, desde que tu saias disso, o que é que acontece?
Acontece que «outras coisas» sobrevêm.
Estas «outras coisas» passando, aí também, nada mais fazem do que ocorrer e inscreverem-te no Efémero.
É o Olhar que deve mudar, não é a Experiência.
Nenhuma Experiência é válida, porque toda a Experiência apenas tem um tempo, não dura mais que um momento, como na pergunta precedente.
Não fiquem fixos na Experiência, qualquer que seja o prazer, qualquer que seja o Samadhi, o que quer que seja percebido, ou não percebido.
É necessário ir bem além, porque é por detrás disso que se encontra a Verdade, a que não se move, que não muda.
Vive o que é para viver.
Não te coloques a questão de saber se é uma Meditação, se estás tranquila ou não.
Não há nenhuma Culpabilidade por fazer ou por não fazer.
Vai além do Observador.
Vai além do que se vive no Efémero.
Aceita vivê-lo, mas não te contentes com isso.
Aceita ver o lado Efémero disso, enquanto Experiência.
O ABSOLUTO não será jamais uma Experiência.
Não existirá, jamais, «anterior» ao ABSOLUTO.
Não haverá jamais «uma preparação» para O ABSOLUTO.
É «qualquer coisa» que se mexe a fim de encontrar a Imobilidade.
Portanto, isso não pode SER favorecido por uma qualquer Experiência, por um qualquer Estado, Contacto, Relação ou outro.
Se abandonares tudo isso, verás que tudo é muito simples, tudo é fácil.
Como vocês dizem, tudo é Evidente, mas na condição de suprimir as Evidências que vos parecem normais, mas que apenas são Experiências.
A Evidência de que eu vos falo é a Evidência do ABSOLUTO, que não depende de nenhum tempo, de nenhum momento, de nenhum instante, de nenhuma Experiência, de nenhuma justificação, qualquer que ela seja.
Como eu o disse nos nossos últimos encontros, NÓS SOMOS TODOS UM, ALÉM DE TODA A UNIDADE, NO AMOR, porque nós somos AMOR, mas nós estamos além do AMOR Manifestado e criado, aqui, além da Experiência do AMOR.
Aceita viver os momentos mais belos, como os momentos mais hediondos deste Mundo, o que te propõe a tua Vida, no mesmo Estado, que não é um Estado.
Porque enquanto fores gratificado, ou enquanto fores culpado, é o mesmo Princípio que se exprime.
Não procures nem Culpabilidade, nem Gratificação.
É nessa condição, nestas duas condições, que sairás de toda a Experiência, de todo o Estado, de toda a Consciência mas, mais uma vez, …tu ÉS Livre.
A tua Liberdade é total.
- Mas enquanto a Liberdade estiver ligada a Condições, será Verdadeiramente a Liberdade?
- Se dependes de um horário, se dependes de uma pessoa, que não tem mais Realidade do que tu ÉS, como esperas tu te poderes estabelecer no que ÉS, além da Consciência, neste Último, neste ABSOLUTO?
Certamente que vocês vivem, todos, Experiências.
Elas foram-vos descritas longamente, amplamente e transversalmente, pelos Anciães, as Estrelas e os Arcanjos.
Isso são Etapas, …Isso são momentos.
Isso são Verdades Relativas que se expressam, justamente, em função do Estado da Consciência… Fragmentada, Separada, Dividida ou Unificada.
Então, claro, é mais agradável estar em Consciência Unificada do que Fragmentada.
Mas não te fies no que é agradável, e ainda menos no que é desagradável, porque isso são qualificativos de um Estado, mas tu, não ÉS nenhum desses Estados, de forma alguma!
Aceita ver a Verdade, a fim de Seres a Verdade.
Não aquela que depende de uma Experiência, de uma Circunstância, ou de um Tempo, mas aquela que É, de todo o Tempo, que engloba todas as Experiências, agradáveis e desagradáveis, todas as ilusões, sem nenhuma excepção.
E aí, tu verás o que tu não podes ver.
***** Pergunta:- A minha Vida, hoje, faz com que eu seja pouco ativo e que não me sinta implicado no Mundo. Esta noção de implicação é uma forma de Negação, uma forma de se retrair, uma falta de Ancoramento, ou eu devo Refutar em bloco toda a consideração sobre a Forma que a minha Vida toma sobre este Mundo, porque de qualquer forma isso não revela O ABSOLUTO?
R:- Tens a resposta nas últimas linhas.
Tu mesmo dizes: «a minha Vida», «hoje», «o meu Corpo».
Sabes muito bem que tu não ÉS nada de tudo isso.
Então, o que quer que faça esse Corpo, Acção ou Não-Acção, que importância tem para o que tu ÉS, além do SER?
Tu mesmo mantens o papel de Observador, a Auto-Contemplação de ti próprio.
Há um Amor ao SER que não pode conduzir ao NÃO-SER.
Tu, ÉS AMOR.
Portanto, enquanto houver Amor ao SER, tu não ÉS AMOR.
Tu projetas-te e identificas-te com a tua Projeção.
Tu próprio entretens a Ilusão, porque depois de teres sido ativo, tu tentas a inactividade.
E percebes que, aí também, ativo como inativo, isso não muda nada.
O Observador está sempre lá.
Tu identificas-te, seja com esse Corpo, seja com que o que se desenrola.
E o que se desenrola apenas acontece, como a tua Vida, como o teu Corpo.
Tudo isso deve SER eliminado, não como uma rejeição, não pelo facto de negar essa Vida, esse Corpo, esse hoje.
Mas estar além desse Corpo, dessa Vida e desse hoje que, como eu te disse, todos os três passam e passarão.
O Observador ainda existe.
Tu começas, para prosseguir o que eu disse no último encontro, a te procurar saber se ÉS a corda ou a serpente, saber se ÉS o conteúdo ou o recipiente. …Mas tu não ÉS nada disso!
E, no entanto, tu ÉS isso. ..Mas não permaneças isso!
A Auto-Contemplação no Ego, como no SER, ativa ou inactiva, não leva a nada, e tu sabe-lo!
É um beco sem saída… Não há saída.
Tudo isto são Experiências que, num primeiro tempo, favorecem o Observador.
Mas, em algum lugar, no ABSOLUTO, não há nenhum Observador.
Apenas há o Jogo da própria Consciência e de momento, tu participas no Jogo da Consciência.
Qualquer que seja a tua Vida, tu não ÉS essa Vida.
Então, vive o que é para viver.
Vive o que escolheste.
Aí também, não tens que procurar nenhuma Gratificação e nenhuma Satisfação, nenhuma Culpabilidade, porque o Pensamento será sempre Dual mesmo quando ele se pretende Unitário, porque o Pensamento é sempre discriminante.
Ultrapassa o Pensamento.
Ultrapassa o Observador do mesmo modo.
Ultrapassa o Corpo.
Não os rejeites mas vê-os por aquilo que eles são: OBSTÁCULOS.
Não se suprime um Obstáculo.
De qualquer modo, contorna-se.
Não se nega, não se parte.
Aí também, é o teu Olhar e o teu “Ponto de vista”, ligados a esse Corpo, a essa Vida que se desenrola, que é uma Projeção da Consciência.
Tu não ÉS nenhuma das tuas Projeções.
De qualquer modo, redefine o teu “Ponto de vista”.
Não o inscrevas num Tempo.
Não o inscrevas num Espaço.
Ainda menos num Corpo.
A tua Consciência está nesse Corpo, mas tu não ÉS nem o Corpo, nem a Consciência que está nesse Corpo, nem o exterior desse Corpo, porque tudo isso evoca e manifesta, ainda, uma Dualidade.
Dito de outra forma, não te interesses por isso, nem num sentido, nem noutro, porque se tu te interessares por isso, haverá uma Culpabilidade ou uma Gratificação.
Mas nem uma, nem outra são a Verdade, porque elas resultam, precisamente, de uma Circunstância.
E o que ÉS não depende de nenhuma Circunstância, seja ela esse Corpo ou essa Consciência.
Efetivamente, sai de tudo o que te é Conhecido, através desse Corpo, através da sua Acção ou da sua Inacção.
Isso equivale, com efeito, a aceitar não mais procurar.
De apreender que não há nada a procurar.
- Quem procura?
- E, sobretudo, quem encontra?
- E enfim, quem encontra o quê?
Ainda a Experiência. …Ainda o Efémero… Ainda os Limites … Ainda o Conhecido.
Deixa-te levar.
Isso não quer dizer ficar na cama ou estar inativo.
Deixares-te levar, pode acontecer estando extremamente ativo, porque nesse momento, tu sabes, que não ÉS tu que ages!
Sai do transtorno da Identificação.
Tu não ÉS o Transtorno, ainda menos a Recompensa, ainda menos a Culpabilidade.
Tudo isso representa Jogos.
Jogos esses que estão programados pelo EU ou pelo SER, porque sem EU, sem SER, não existe o NÃO-SER… E tudo o resto decorrerá.
Certamente que podes participar no Jogo, dando-te a Ilusão de Seres Mestre e de controlares.
Enquanto acreditares controlar, ou Seres o Mestre, O ABSOLUTO para ti, está mascarado.
É necessário ultrapassar a Sabedoria.
O que tu expressaste traduz, em algum lugar, uma ligação ao Efémero, à tua Vida, a esse Corpo.
O próprio Apego cria a dependência ao Efémero e, portanto, à Experiência… E é o seu fim.
Coloca claramente o que, para ti, é válido.
E, como tu o disseste no fim da pergunta, a resposta está lá contida, porque tu sabe-lo, profunda e intimamente.
E, no entanto, há qualquer coisa em ti que quer expressar e manifestar o inverso.
- Porquê?
- De que duvidas ainda?
- De que tens Medo?
- O que é que retarda?
É tudo….Olha, sem Culpabilidade, sem Julgamento, porque o que aparece no âmbito da tua Visão, a da Consciência, favorece a integração, a ultrapassagem, mesmo a Transcendência de uma Consciência para uma Não-Consciência.
E não vejas esse «para» como uma Deslocação.
Isso não é, também, como eu o disse, uma Exclusão mas uma Inclusão.
- Queres SER o que inclui ou o que exclui?
- Experiência ou ABSOLUTO?
- Conhecido ou Desconhecido?
- Ativo ou inativo?
O ativo de que eu falo não é a Acção.
O inativo não é também a Não-Acção. Está bem além…
***** Pergunta:- Apesar de uma Intuição e de uma Aspiração profunda pelo ABSOLUTO, os Comportamentos que sobrecarregam e afastam do ABSOLUTO aparecem frequentemente. Porquê?
***** Pergunta:- Apesar de uma Intuição e de uma Aspiração profunda pelo ABSOLUTO, os Comportamentos que sobrecarregam e afastam do ABSOLUTO aparecem frequentemente. Porquê?
R:- Porque desde o instante em que «tens a Intuição» do ABSOLUTO, desde o instante em que «aspiras» O ABSOLUTO, o que é que vai fazer o Ego?
Certamente, ele vai fazê-lo brilhar como um desejo inacessível, ele vai-te afastar.
O ABSOLUTO não está nem ligado a uma Intuição, nem a uma Aspiração.
É necessário refutares tudo o que é da ordem da Consciência Efémera.
Tu não podes prosseguir o objetivo do ABSOLUTO.
Sem isso, ele afasta-se, da mesma forma que, quando o refutas ou quando tu negas.
O ABSOLUTO não é afetado por ti.
Ele não é afetado pela tua Aspiração, pela tua Intuição.
É necessário pousares as armas, parares de procurar, Abandonares-te, tu mesmo.
O ABSOLUTO não será nunca uma busca, nunca uma procura, nunca uma Intuição, nunca uma Aspiração.
Ele não pode nunca SER Revelado, à tua Consciência, enquanto a Consciência estiver aí.
Então, é claro, tu tens uma forma bonita de falar da tua Consciência, que ela tem Intuição.
Mas, como tu observaste, isso não muda nada.
Da mesma forma, enquanto víveres a Aspiração.
A potência da Aspiração, a SER isso, não é a mesma em todo o SER Humano.
Alguns Seres, e eles são raros, tiveram uma certa “tensão” para isso.
Mas a “tensão” não é a Aspiração.
O “Ponto de vista” não é o mesmo.
Portanto, cessa aí o facto de «procurar», de «SER Aspirado», de «ter Intuição».
Contenta-te, simplesmente, em Seres este ABSOLUTO.
Enquanto houver uma Intuição e uma Aspiração, é uma Projeção, aí também, da tua Consciência, para um objetivo.
E este objetivo está inscrito no Tempo e, como tudo o que está inscrito no Tempo, isso não é Real, porque isso muda e isso provoca em ti, qualquer coisa que tu experimentas, certamente, através do Jogo da Consciência.
Isso designa-se de Frustração.
E quanto mais tens a Intuição, mais tu ficas frustrado.
E isso vai-te afastar, cada vez mais, do que já Está aí.
O ABSOLUTO não é uma conquista, não é uma Experiência, não é um Estado.
É este Último, que se revela a partir do instante em que tu aceites que relativamente a isso, além de todo o Tempo, que não há Aspiração, que não há Intuição.
É necessário capitular, porque a Inspiração e a Intuição apenas são Reflexos da Consciência, do SER ou da «pessoa», nada mais.
Tudo está já aí, em ti, porque é a tua Natureza, é aquilo que ÉS.
Portanto, não pode existir Aspiração ou uma qualquer Intuição, porque isso permanece Mental ou um desejo, o que é pior.
Não há nada a desejar, porque já está aí.
O Mental conduz-te ao inverso da tua Aspiração e da tua Intuição.
E quanto mais elas crescerem, mais o Mental te vai afastar, conduzindo-te a viver coisas desagradáveis apenas são Reflexos da Frustração.
No teu caso, não existe Dúvida nem Medo mas, simplesmente, Frustração.
Se aceitares ver isso, compreenderás a Vaidade da Intuição e da Aspiração que te conduzem exatamente ao oposto de que queres, porque O ABSOLUTO não é uma Vontade, nem um Querer.
Então, deixa cair todo o Querer.
Se aceitares Abandonares-te, verás que O ABSOLUTO já está aí, é o que tu ÉS.
Tu não ÉS mais as tuas Frustrações, a tua Aspiração e, ainda menos, a tua Intuição.
Uma Intuição justa apenas serve neste Mundo, para fazer boas escolhas, por exemplo.
Mas O ABSOLUTO não é uma escolha.
Ele não é deste Mundo.
- Que esperas tu encontrar aí?
Apenas podes encontrar aí a Frustração, cada vez maior.
Nenhum SER te pode conduzir ao que já ÉS, se esse for aquele que te quer afastar do que ÉS.
Toma Consciência de que não existe um único Mestre e toma Consciência, depois, de que esse Mestre é ridículo, porque ele erige-se naquilo que sabe, naquilo que tem a Intuição, naquilo que aspira a.
Apreende isso.
A Frustração conduz-te à complexidade.
E o que é complexo não é ABSOLUTO.
A complexidade pertence à Consciência e ao seu desenvolvimento, de Mundo em Mundo, de Dimensão em Dimensão.
Vai além disso.
Faz cessar todos estes Jogos.
Não aspires mais a nada.
Não intuas mais nada.
Faz silenciar isso, esquecendo, não te opondo, e tu verás que já aí está, desde sempre, mesmo antes da tua existência aqui.
O teu TU, o teu SER, identificou-se com esta Busca, com esta Intuição, com esta Aspiração e, portanto, colocas-te a ti mesmo uma Distância que não existe, colocas-te um Tempo que não existe, um Espaço que não existe.
Tu próprio o criaste.
Vê-o, sem Culpabilidade, sem falsa aparência. E, desde esse instante, tu o viverás.
Diz-te a ti que é simples.
Se deve existir uma única Intuição antes que ela desapareça, é esta.
É SIMPLES.
E substitui a Aspiração, se fores capaz disso através da “Tensão”.
E se a “Tensão” não se pode fazer, então, Abandona-te.
Se, no instante, tu fores capaz de te dizeres, com Verdade, «que isso não importa», não haverá mais nada a importar, mais nada a procurar, mais nada a esperar, mais nada com que concordar ou descordar.
O ABSOLUTO ESTÁ AÍ.
TU ESTÁS AÍ.
Lembra-te que, para o Ego e o Mental, o último passo parece assustadoramente difícil, porque existe perda, porque existe Abandono.
- Tu sentes-te Abandonado, sozinho?
É um sinal muito bom!
Um sinal melhor que a Intuição e que a Aspiração!
Mas também não te apegues a isso, deixa passar tudo isso.
***** Pergunta:- Por que é tão difícil permanecer nesta Liberdade Infinita que, por vezes, se exprime através de mim?
R:- Quem é que diz que é difícil?
A resposta está no segundo termo da pergunta, porque o que se expressa, através de ti, quer dizer que tu estás atravessada por qualquer coisa e que, aí também, colocas-te como Observador e, portanto, à Distância, de ti mesma.
E realizar esta Distância criada, o que acentua, em ti, esta noção de dificuldade, porque tu queres permanecer exterior e Observador.
Portanto, é difícil: tu observas o que se passa, mas não te tornas o que se passa que é, ELE, O ABSOLUTO.
Não há nada de difícil.
Não há senão tu que ÉS difícil no que tu não ÉS.
Então, por momentos, as Resistências caem.
E quando as Resistências caem, tu falas de Liberdade Infinita.
- Mas quem observa esta Liberdade Infinita?
- Quem sente esta Liberdade Infinita?
Justamente, o que impede que ela seja A VERDADE ABSOLUTA.
Apenas és tu e tu mesma.
Se tu, observas esta Liberdade Infinita, se tu a sentes, não ÉS Livre.
A Experiência que é vivida, porque se isso acontece, isso torna-se uma Experiência, não pode, é claro, tornar-te Livre porque tu já ÉS Livre...Tu já ÉS isso.
É simplesmente aquele que observa, que faz uma Experiência, e não uma Realidade do Real, e não O ABSOLUTO.
Existe em algum lugar uma Distância que permanece.
- Quem coloca a Distância?
- Será que é O ABSOLUTO?
- Ou tu?
- Quem impede a instalação, a Revelação, além do Observador, que se deleita na sua observação, «fazendo qualquer coisa de exterior», «fazendo uma Experiência», um Estado que passa, além de haver sempre, escondido atrás disso, a Vontade de se perceber?
- Ora, o que é que se percebe, ou percebe, além da Consciência?
Não há, portanto, Não-Consciência.
Tu permaneces estabelecido no «EU SOU».
É precisamente isso.
O Observador está presente.
Por vezes, há o Testemunho.
Mas é o mesmo Princípio.
Existe uma Distância, uma Experiência, um Estado, mas não existe Perenidade.
Vai além do que vês, além do que crês.
Não permaneças fixa.
É O ABSOLUTO que é imóvel, não tu, naquilo que se move ou naquilo que está fixo.
Toda a Experiência pode parecer boa de realizar e de viver mas há um instante em que todas as Experiências devem SER Transcendidas a fim, justamente, de não mais SER simplesmente uma Experiência, simplesmente um Estado que passa.
Tu ÉS Eterna.
Tu ÉS Absoluta.
Então… Liberta-te, porque tu já ÉS Liberada.
E, se aceitares isso, compreenderás que falar de Liberdade Infinita não quer dizer nada.
Tu não ÉS realmente Livre se não aceitares que já estás Liberada.
Nesse momento, tu apreender-te-ás que não existe nem Infinito, nem Finito.
Apenas resta o Indefinido e o Indefinível.
O ABSOLUTO também o é.
Nenhuma definição pode conter ou explicar O ABSOLUTO.
Não há como, mostrando-te, aí, onde não há lógica real, mas apenas uma lógica aparente, eu te possa dar a apreender A VERDADE ABSOLUTA, e Não Relativa, porque mesmo o facto de falar de Liberdade Infinita, que não dura, mostra-te, sobretudo, que tu estás limitado.
Não culpabilizes.
Vê-o simplesmente, porque é simples.
Não há nenhuma dificuldade, excepto aquela criada pelo Mental.
- Quando tu dormes, tu podes dizer que estás em Liberdade Infinita?
Não, tu desapareces.
O ABSOLUTO está aí, porque o Mundo desapareceu.
Isso não é simplesmente uma diferença de nuance ou de compreensão.
É o Olhar Limitado ou Ilimitado, um Olhar Finito ou Infinito. Mas, aí também, o verdadeiro Olhar não é nem finito, nem infinito, ELE É ABSOLUTO.
Ele não pode estabelecer distinção, diferença, separação.
Isso, tu já o ÉS.
Vê, simplesmente, porque a Simplicidade é a Porta da Transparência e, sobretudo, da Espontaneidade, aquela que surge desde que o Mental não tem mais referências, nem referente. Favorece isso.
***** Pergunta:- Desde que escuto as suas conversas, eu fico cada vez mais na aceitação do que me propõe a Vida, o que me permite evitar o processo de Acção/Reação, mas muitas vezes eu me esqueço de aplicar a técnica da Refutação.
R:- Não há caminho.
A Refutação não é uma técnica.
É uma conduta que faz mudar o Olhar, que desconecta o Mental, como eu o disse.
Já é muito bom não Manifestar a Acção/Reação.
O que constatas e as palavras que empregas demonstra que és o Observador.
Tu não está mais no «palco do Teatro», mas estás ainda, instalada na poltrona que Observa.
O único modo de te levantares da poltrona, de saíres do Teatro, para veres que o Teatro não existe, é a Refutação.
Sai da Constatação, assim como saíste da Acção/Reação.
Instala-te além da Constatação, porque constatar é colocar uma Distância, também.
É de algum modo, manter o prazer do Observador, daquele que assiste à peça de Teatro.
Tu saíste do Personagem e então a Vida desenrola-se, os diferentes actos da peça jogam-se.
Se tu o constatas, significa que observas.
Resta-te refutar, ainda este papel, ainda esta função, porque, enquanto houver uma função, existe a persistência do Efémero.
Aproveita a PAZ que pode resultar da Ausência de Acção/Reação, não para te satisfazeres com isso, nem para ficares insatisfeito, mas, simplesmente, para o refutar.
- Porque é que há o esquecimento de Refutar?
Porque simplesmente o Mental te controla, o teu.
E, para ele, existe um perigo, porque tu não jogas mais na «peça de Teatro», tu Observa-la.
Para ele, é uma situação arriscada, perigosa.
É aí que é necessário conduzir a Refutação.
É claro que te esqueces…Tu não és aquele que esquece.
É o Mental que te faz esquecer, porque ele satisfaz-se com esta observação, com este Estado de Testemunha, do SER, se preferires.
No SER, existem ainda Modelos, CRISTO ou quem quiseres.
Supera o Modelo.
Rejeite todas as Crenças, sem nenhuma excepção.
Refuta-as.
Restam ainda Crenças e isso são as tuas Crenças que se opõem, não tu.
A Oposição conduz à Constatação.
A Constatação conduz à Testemunha, mas a Testemunha não conduz ao ABSOLUTO.
A Refutação permite ao ABSOLUTO manifestar-se, nesta forma, nesta Consciência.
É o momento em que não há mais, tampouco, Espectador, não há sequer mais Teatro.
Eis ao que eu te convido.
***** Pergunta:- Como estar na GRAÇA e no AMOR para acolher este novo SER que se revela no meu Corpo Físico, para deixar trabalhar A ONDA DE VIDA, para estar lúcida das Mudanças em curso, sem me deixar ser ultrapassada pelas ligações de Apego Mãe-Filho?
R:- É muito simples, não te coloque mais esse tipo de questão, porque todas essas questões reforçam-te na Ilusão.
A GRAÇA não precisa de ti, tal como os Apegos.
Tu nada és de tudo o que vives.
Tu ÉS isto que se vive, A ONDA DE VIDA.
Nenhuma ligação pode tranquilizar-te.
O Apego pertence a este Corpo, na relação Mãe-Filho.
Isso está inscrito no «saco de comida».
Tu estás submissa a este «saco de comida», às suas Programações, aos seus Engramas.
Isso é o teu cérebro, mas isso não és tu.
Da tua Consciência saiu uma outra Consciência que se formou às cegas, automaticamente no teu Corpo, a partir do teu Corpo…E tu acreditas-te proprietária ou responsável.
Quando muito, podes dizer que o que te pertence, é um outro «saco de comida» que saiu de ti, que criaste.
Mas tu não criaste a Consciência que está dentro dele.
Ela não te pertence, de forma alguma!
Sem isso, mantens a ilusão da «Carne da Carne».
A GRAÇA não tem o que fazer com esta Carne, porque a GRAÇA É.
Ela não é levada através da Carne, mesmo expressando-se através da Carne.
Isso não é a mesma coisa, não é a mesma Relação, isso não é o mesmo Olhar.
Aceita simplesmente que isso se desenrole, mesmo que tenhas sido tu que a tivesses criado, à partida.
- Será que és tu quem fabrica isso?
Isso é fabricado apenas porque é a Inteligência que existe no «saco de comida» que está programada para isso: reproduzir-se.
- Mas tu, tens necessidade de te reproduzir?
- O que é que reproduzes?
Há sempre, no Nascimento de uma Carne, a partir de uma Carne, um conjunto de histórias, um conjunto de Projeções que criam Apegos, através de Ideais ou de Medos, é a mesma coisa.
Beneficia-te desta Experiência, porque, aí também, ela é Efémera, ela dura nove meses, para ver o que é isso, o que isso vem despertar em ti, preencher em ti, ou atemorizar-te, porque tu não ÉS isso.
Tu És o AMOR e tu crias o AMOR.
-Será que este AMOR te pertence, no entanto, sabendo que o AMOR é Livre e torna Livre?
Caso contrário, isso permanece Humano e, portanto, Efémero.
O que vives é, de algum modo, um desafio ou, se preferires, uma Experiência.
Aí também, não fiques presa a esta Experiência e ao que ela induz como «Apego à Carne».
Considera isso, efetivamente, como uma GRAÇA ou uma DÁDIVA.
Mas não pare nisso.
Eu recordo-te que, para A ONDA DE VIDA, assim como para a GRAÇA, justamente nada há a fazer.
Não é mais uma questão de Fazer, nem uma questão de SER, mas mais, uma questão de NÃO-SER.
É a Visão Limitada que te impossibilita de conhecer esta Consciência que, no entanto, está em ti… - onde é que ela estava antes? ..., que criou o Apego, que criou a Responsabilidade e a Dependência.
Ama o que criaste, o que tu ÉS, mas com um AMOR que esteja além de uma Projeção, embora sendo uma Criação da tua Carne.
Dá-te conta dessas Ligações que nós designamos, todos, Encarnados, antes de sermos ABSOLUTOS:
“AMOR”.
Porque nós não conhecíamos outra expressão, até O ABSOLUTO chegar aqui.
Toma Consciência, além da Consciência, e aí, tudo fica simples, porque tu não és este Corpo.
- Então, como poderias te projetar nesse Corpo, que foi criado a partir deste Corpo?
Isso vale também para os Pensamentos.
Isso vale para todos os Apegos.
Nenhum Apego conduz à Liberdade.
Nenhuma Liberdade conduz ao Apego.
Senão, isso não é o AMOR, é uma Fraqueza.
O AMOR é força.
Então, simplifica, porque isso já é simples.
Como numa resposta anterior, é tão simples que isso parece, para o Ego, um Absurdo.
Lembra-se de que existe o Olhar para mudar.
Não este Corpo, que vive o que é para viver, que foi desejado ou não.
Aí também, não retornem apenas à pergunta e à resposta.
Eu diria até mesmo: re-entrem na dissidência relativamente a isso.
Seria necessário chegar à conclusão de que o que acontece na tua Carne é, em algum lugar, uma Reprodução, mais ou menos conforme com as tuas Projeções, com as tuas expectativas, com os teus desejos e também, é claro, com as Projeções, com as expectativas e com os desejos do que está aí.
Mas nada mais.
A Liberdade está aí e coloca um fim a todo o Apego, o que não impede, muito pelo contrário, a Ligação de Liberdade do AMOR que vocês denominam VIBRAL e ainda de ABSOLUTO.
Eu diria até que isso podem ser, de algum modo, as condições propiciadas, como o dizes, pela GRAÇA e pela euforia que é segregada por este «Corpo de Comida», durante este Estado, que não é nada mais do que o Instinto de Preservação, visando, simplesmente, ao que é denominado de Amor Filial ou Materno, não se abrindo, de qualquer modo, ao desaparecimento da Espécie Humana.
Nada mais e nada menos.
Não te deixe enganar por esse mercado de tolos.
Isso não impede de amar, mas não é mais o mesmo AMOR.
Não há mais Apego, se tu o vires assim.
Há Liberdade.
***** Pergunta:- Desde que eu re-encontrei a Consciência de quem EU SOU e que eu me abandonei à Inteligência da LUZ, tudo é simples e fluido e o pequeno “eu” cada vez menos assume o lugar. Isso seria a Transparência?
R:- O facto de constatar, o facto de manter uma Constatação, prova a existência do Observador que substituiu o Eu ou o Actor.
Evidentemente, essa Constatação não é suficiente.
É necessário, aí também, se tal for o que desejas, não como Aspiração ou Vontade, aceitar deixar isso se extinguir.
A Vida, então, irá desenrolar-se, não mais somente sob a Acção da Inteligência da LUZ, mas, muito mais, no ABSOLUTO.
Esta forma não ficará mais Limitada a esta Consciência, a esse Eu que se vai ou a esse SER que se instala, mas ela engloba-los-á em algo que é, digamos, muito mais vasto e muito maior, se tanto é que possamos falar de tamanho.
Cabe-te a ti ver se queres terminar a Fragmentação e, portanto, seres Transparente.
Enquanto existir um SER, existe um Espelho que te mostra o que é para ver.
A Transparência é a Ausência de Espelho já que a Transparência consiste em deixar atravessar-se, na sua totalidade.
A instalação da Transparência e da Espontaneidade excede largamente o SER ou a Fluidez.
A Transparência é um Estado onde nada é parado, nem mesmo o Estado no qual se está, que não é mais um Estado.
Aí está o ABSOLUTO.
Eu diria que o SER dá a Clareza e a Precisão, porque o palco do Teatro fica iluminado.
Mas eu lembro-te de que não há nem Teatro, nem palco.
És, portanto, tu que deves ver se permanece na Clareza ou se outra coisa se revela a ti, muito além da Inteligência da LUZ, mas no que permite revelar o que sempre esteve aí, além da Clareza.
O ABSOLUTO é assim.
Mas, na tua pergunta e na tua Constatação, há uma instalação da Consciência nesse SER.
Não pode ali haver Percepção da Não-Consciência.
Tu estás, portanto, instalada na Alegria, na persistência do SER, ilusória, ela também.
É necessário sair da Contemplação.
Então, a Transparência chega, porque nada mais há para Olhar, nem nada para SER, excepto o ABSOLUTO.
Mas cabe-te ver o que se manifesta.
A Transparência, aliada aos outros Pilares do que foi nomeado os Pilares do Coração, com a Integridade, a Infância, a Humildade e a Simplicidade, é a característica do SER.
A Transparência vai além disso já que nada está parado, nada é definido, nada é identificado.
Não há mais SER.
Não há mais EU.
Não há «um Eu» que se afasta e um SER que se instala.
Mas, Livre de ti, porque é a tua Liberdade, continuar a constatar e a se instalar na Constatação ou então superar, digamos, a Constatação.
Aí está a Transparência, mas não antes, mesmo que a Transparência faça parte da própria definição do que denominaram os Quatro Pilares.
Transparecer é ir além do Parecer e além do SER.
SER Transparente é não mais existir, não mais interferir, não mais inferir, não mais SER.
Mas, mais uma vez, tu és livre.
- Mas és livre de quê?
Simplesmente do que decidiste, do que estabeleceste.
Mas essa não é a verdadeira Liberdade.
Isso são «Liberdades Efémeras», porque elas irão desaparecer quando o teu Corpo de Alimento desaparecer, quando os teus Pensamentos desaparecerem.
- Então, nesse momento, o que te vais tornar?
-O que você vai ser?
Preferes esperar ser para colocares a questão, quando não poderás mais te colocar questão, ou queres ter a resposta agora?
És tu quem decide.
És tu quem tem a chave, porque não há chave, não há porta.
Tudo depende de onde te colocas.
Tudo depende onde estás ou não estás.
Mas eu agradeço pela tua Constatação.
Porém eu sou obrigado a dizer que tudo isso te torna Transparente, mas não é a Transparência.
Está consciente disso.
Porque a Transparência total não pode existir, nem no EU, nem no SER.
Ela apenas é Verdade quando sai de tudo o que é Efémero.
O ABSOLUTO é Transparência total, porque não existe mais nenhum Espelho.
Mais nenhum sentido do Eu ou do SER existe.
Tudo está instalado no Não-SER, na Não-Consciência.
Mas o resultado é o mesmo.
- O que é que queres ver subsistir?
- E o que pode subsistir?
- O que é da ordem do Relativo e da ordem do ABSOLUTO?
- O que é que continua?
- O que é que termina?
Constatar é, talvez, um dos últimos degraus da escada.
Mas tu és livre para considerares que essa seja a finalidade e contentares-te com isso.
O ABSOLUTO tem todo o Tempo já que ele está fora do Tempo.
Não tu, no que tu estás identificada, nas tuas constatações, no SER.
Cabe-te ver se desejas colocar-te essas questões ou ignorá-las.
Cabe-te saber se o que vive é Conhecimento ou Ignorância.
- Em relação ao quê?
- E em quê?
-Será que isso te satisfaz e irá satisfazer amanhã, independentemente do que observas, independentemente do que constatas?
Evidentemente, o SER, comparado ao EU, é infinitamente mais Transparente.
O EU é opaco.
O SER é Transparência, não total, mas Transparência.
Cabe-te ver.
A tua situação depende de ti mesma.
Mas, toma cuidado para não qualificares o que não tem qualificação, o que é o caso do ABSOLUTO.
***** Pergunta:- Bem ancorada na Materialidade, o SER parece-me inacessível. O ABSOLUTO nem sequer é conceituável, concebível. Eu experimento, neste momento, pela leitura dos seus ensinamentos, um sentimento de desânimo e, até mesmo, de rejeição. O que, na Personalidade , se opõe e como superá-lo?
R:- Tu mesma o disseste: a Materialidade, o facto de quereres conceituar o que não pode SER conceituado.
Portanto, é óbvio que a Materialidade e a Personalidade queiram rejeitar.
Tu não podes conservar o “Ponto de vista” da Personalidade, e aceitares isto.
Se afirmasses isto, seria falso.
O que dizes está correto.
Tu não estás pronta para deixar o que acreditas SER.
Tu estás, visceralmente, apegada à tua «pessoa».
- E então, estando apegada, porque razão irias querer aceder a algo que te Libertaria?
Nenhum Conceito, nenhuma Ideia, nenhuma Alegria, pode sair daí.
Não procures Conceituar, nem, menos ainda, Aceitar.
Necessitas, primeiro, de «sair do inferno», ou seja, da tua prisão, a de acreditares neste Corpo, de quereres possuir o que quer que seja.
Tu nem sequer possuis o teu Corpo, pois tu não és ele!
Quando aceitares que este Corpo é apenas uma Limitação, uma ilusão, uma aparência, então poderás colocar-te a questão do Conceito ou da Ideia.
Mas, agora, eu digo-te que O ABSOLUTO não é, nem um Conceito, nem uma Ideia, nem Assimilável.
Porque tu estás Limitada na tua Visão, na tua Percepção, porque apoias-te no Corpo e na própria materialidade, numa Transformação da Materialidade, da Personalidade.
Não há continuidade.
Não há possibilidade e ainda menos conceito e muito menos coisa percebida.
Não há, portanto, Solução vislumbrável, nem mesmo desejável.
É-te necessário rejeitar, ainda mais, porque rejeitando significa que não compreendes.
E quanto menos compreenderes, mais tu serás Livre.
É precisamente o facto de acreditar compreender este Corpo, suas Acções, a tua Vida, que te fecha no Limitado, porque tens Medo.
O AMOR não é o Medo.
Por mais que tenhas amado o teu Corpo, não te permitirá superar o Corpo.
Por mais que tentes amar a Personalidade, transformá-la em algo de melhor.
Mas não és tu quem age assim, na tua Eternidade.
É porque estás identificada, excessivamente, no Limitado.
Mas o teu Corpo, neste período, está Limitado no Tempo e no Espaço.
Ele não tem necessidade de ti para existir, ele existe em outros lugares.
O melhor Serviço que lhe possas fazer é deixá-lo evoluir sozinho, sem interferir e irás constatar, então, que nenhuma manifestação física pode aparecer.
És tu própria quem cria as tuas próprias Manifestações Físicas.
Não há Carma.
Não há Causa, excepto tu mesma.
É isso que recusas ver de frente.
Então, vais procurar em outros lugares, no ontem, numa Causa.
E mantens-te, assim, nos contextos deste Corpo, na Acção/Reação.
E crês que vais poder desembaraçar-te desta Acção/Reação compreendendo a Reação à Acção.
- Mas de onde veio a primeira Acção, se isso não era já uma Reação?
Tu estás, já, limitada e fechas-te ainda mais.
Amar é SER Livre.
Não é fechar-se.
É abrir o que está fechado.
É não mais aceitar estar fechado ou aprisionado.
Não existe nenhuma Solução enquanto estiveres na prisão, mesmo que coloques belas cortinas, mesmo que mudes a mobília, mesmo que mudes de Pensamentos, mesmo que compreendas.
Eu convido-te a não mais compreender.
Eu convido-te a deixares toda a forma de Conhecimento do que existe neste Mundo, porque, senão, vais fortalecer as Resistências.
Vai reforçar o Sofrimento enquanto acreditas liberá-lo.
Sai da prisão, primeiro.
Vê a prisão.
Não existe chave escondida no interior da prisão.
És tu que dá Corpo à prisão, através da Vontade de Compreender, pela Vontade de Apreender o que pertence apenas a esta mesma prisão.
O AMOR não está aí.
É um estágio acima, se eu puder expressar-me assim.
O AMOR não está na prisão.
Enquanto visares uma perfeição deste Corpo, desta «pessoa», estás na ilusão, em algo que irá passar.
A única Satisfação durável é Eterna, ela é o ABSOLUTO.
Ela é Efémera no SER.
Enquanto acreditares e esperares uma melhoria do que quer que seja deste Corpo, dos seus Pensamentos, ou aceitares um Conceito, que não é conceituável, ou admitires uma Ideia da qual não podes ter Ideia, tu enganaste a ti mesma.
Então, evidentemente que rejeitas o que eu digo e apenas podes rejeitá-lo.
Mas coloca-te a questão de quem rejeita:
Evidentemente, o que é Limitado, o que recusa ver os Limites e os contextos caírem, porque há um Apego visceral à Materialidade no que ela tem de mais sólida aparência, de mais permanente aparência.
Mas tudo isso, apenas são aparências.
Se Olhares, objetivamente, o teu «saco de comida» irá falecer.
- O que te vais tornar, naquele momento?
- Como vais considerar a Matéria?
- Que Matéria quando não houver mais Matéria, não aquela que conheces?
É como se quisesses construir um edifício muito alto num solo totalmente instável, que tu acreditas ser estável.
Tu acredita que podes reforçar o solo, mudar o solo, mas isso é falso.
Se a hipótese é falsa, tu apenas irá construir sobre areias movediças e o edifício vai-se afundar.
Não há nada a construir,
Há tudo para des-construir, através da Refutação.
Mas a Materialidade recusa-se, como o Mental, porque apenas o Mental te pode fazer crer na Materialidade.
Nada é válido, aí dentro.
São apenas ideias, apenas Conceitos falsos.
- Porque aderir a Conceitos e Ideias que são falsos?
Aí está a causa do Sofrimento e da manutenção da ilusão.
Se compreenderes o que eu te digo, então o rejeitar será ainda mais forte.
Mas eu posso afirmar-te que a Rejeição e a Violência são o Caminho certo, enquanto estiveres na prisão.
Não é pacificando o que é ilusório, não é abrandando o que é ilusório, não é ornamentando a prisão que tu vais sair da prisão.
Tu melhoras o contexto, mas não suprimes o contexto.
A Liberdade está em outros lugares.
Como é que podes pretender Ser Livre, ou Ser melhor, no que é Efémero, no que está Restringido, no que está limitado?
- Não vês, por ti mesma, as Oscilações que vão de um muro ao outro, de uma interrogação à outra?
TU, NÃO ÉS ISSO, TU ÉS A LIBERDADE, TU ÉS AMOR.
Tudo o resto não tem nenhuma consistência.
E, sobretudo, a Materialidade.
Isso são areias movediças das piores.
Eleva o teu Olhar.
Eleva-te e verás que o edifício se constrói independentemente de tudo o que decidires.
Abandona este Medo, esta necessidade de controlar ou de te sentires segura na Materialidade.
Isso não tem nenhum sentido.
Isso é apenas fardo.
Isso é apenas densidade.
Existe um Medo do que é elevado.
Em última análise, tu procuras a Liberdade, mas tens Medo da Liberdade.
Tu querias que a Liberdade se encontrasse na Matéria, esquece isso!
Tenta ver de outra forma.
O Amor da Matéria não é o AMOR, visto que a Matéria é já AMOR.
Ela não tem necessidade do teu AMOR.
A Ilusão é AMOR.
Mas ela não tem necessidade de ti, isso é um Sonho, uma Projeção, uma Ilusão.
Tu queres dar densidade ao que já tem demasiada densidade.
- Quem te obriga a agir assim?
- O que, em ti, se opõe à tua Libertação que já está aí?
Continua a rejeitar, continua a recusar.
Isso cria forças de atrito na Dualidade, na Acção/Reação.
Então, a prisão irá arder.
Aquele que chega no final de um beco sem saída dá necessariamente meia volta para apreender-se de que não há beco sem saída, nem caminho.
Mas é necessário ter criado o caminho e o beco sem saída, antes, para perceber que isso não é nada.
O ABSOLUTO não é nem Conceito, nem Ideia, nem o que quer que seja, mas ele inclui-os.
Não há Exclusão, és tu quem se exclui do ABSOLUTO.
Ele sempre esteve aí.
Ao querer fazer uma Ideia, ao querer conceituá-Lo, tu queres fechá-Lo na Ilusão.
O ABSOLUTO deixa livre a ilusão: ele inclui-a.
Não é perfeitamente a mesma coisa.
Não é o mesmo movimento.
Não é a mesma imobilidade.
-Tu vês o que eu quero dizer?
E não me responda.
Permanece em ti, nas tuas certezas, e observa o que eu te disse.
Depois, relê-o e serás obrigada a concluir e a ver onde se encontra o Absurdo e a Absurdez.
Tu não és nem Absurdo, nem Absurdez.
E ainda menos Matéria.
Ainda menos Física.
-Porquê querer acreditar no que não é Verdadeiro?
-Porquê fingir uma verdade que não tem nenhum sentido, nenhuma lógica?
- De onde isso vem?
- De onde isso veio a ti?
É muito simples, tu reivindicas estares apegada ao que te dá mais Medo, à Encarnação.
Há, portanto, uma Não-Encarnação, contrariamente ao que defines.
E o Corpo manifesta-se para te mostrar a tua Não-Encarnação, aí está o aprisionamento.
Em nenhum outro lugar.
Porque, à força de quereres ver as coisas tais como elas são, tu apenas vês uma aparência, apenas o que te mostra o teu Mental e os seus Conceitos e as suas Ideias.
Abandona as Ideias e os Conceitos.
Verás que não existe prisão além daquela que construíste.
***** Pergunta:- Eu tenho a impressão de que todas as questões que eu posso formular são estúpidas. Entretanto, eu tenho tendência de dizer “sim mas”. Porquê?
R:- Esse é o aspecto discursivo em ti.
A instalação, ao nível da Discriminação, do teu próprio cérebro habilitado a sempre responder «sim mas, sim e não, sim ou não», é o mesmo Princípio.
Há o que é bom.
Há o que é ruim.
-Para ti ou para o Outro?
Há o que é Verdadeiro e há o que é Falso.
E para ti, isso tem o valor do ABSOLUTO.
Mas O ABSOLUTO é considerar que nada é Verdadeiro e nada é Falso.
Tudo depende do “Ponto de vista”.
E a palavra que empregaste, «tu tens uma impressão».
- Mas como queres tu fazer de «uma impressão», a Verdade?
Uma impressão é algo que passa.
As tuas impressões mudam em função de um monte de fatores que não te pertencem e que te pertencem.
O «sim... mas», é apenas a expressão da Dualidade da Personalidade, porque a Personalidade sempre tem Medo de se enganar.
E ela tem Razão, ela engana-se sempre!...Daí o “sim… mas” ou o “não …mas”, isso nada muda!
Isso será sempre assim, na Personalidade.
É o Espectador que começa a compreender e a viver, que há um Espectador, ou um Observador.
Ele saiu do Actor.
Mas, sendo Observador, ele quer mesmo assim, mudar o Actor, mudar a Iluminação.
Daí vem o «sim … mas» - do intelecto.
Do que passa o seu tempo a discriminar, a classificar, no Bem e no Mal, no Verdadeiro ou Falso, criando e mantendo assim a Dualidade, permanentemente.
É um hábito de funcionamento, nada mais.
Muitas vezes forjado pela educação, pelo ensinamento e pelo meio familiar, nada mais.
O «sim …mas» não leva a parte alguma, assim como o «não…mas».
Porque tu não te podes apreender do que é Verdadeiro ou do que é Falso, excepto nas Leis deste Mundo.
Se soltas uma pedra, ela cai, ela não vai subir - é verdade.
A pedra não existe - é verdade.
-Onde é que te colocas?
Portanto, a pedra não cai. - É falso.
Aceita que todo o “Ponto de vista”, que todo o «sim… mas», que todo o «não…mas», «sim», «não», são apenas aplicáveis dentro da Realidade deste Mundo que não tem nenhuma substância, nenhuma essência, excepto aquela que o anima.
- Onde queres tu ser?
- E, aliás, onde estás tu?
A impressão acede à Intuição.
Ela remete a uma escala de valor, a um Julgamento de valor, no bem e no mal e conduzirá, sempre, a experienciar o «sim… mas» ou o «não… mas».
Isso quer dizer que quando dás dois passos para a frente, tu dás um passo para trás.
E, finalmente, tu não te mexes.
Mas não na imobilidade do ABSOLUTO.
Quer isso seja um à frente e dois atrás, não muda nada.
Há Tergiversação.
A Tergiversação quer dizer: Hesitação, Ausência de Certeza e, portanto, Oscilação, Manutenção da Ilusão através da interrogação do Mental, do Intelecto.
Cabe-te veres se te é possível depor as armas, porque O ABSOLUTO não é um combate.
É, precisamente, o momento em que tu depões as Armas, o Intelecto, o Conhecimento Intelectual, as Crenças.
Porque as Crenças são Armas de destruição do ABSOLUTO, que não pode ser destruído.
Esquece as tuas impressões.
Não procures apreender-te, mas, de preferência, seres apreendida pela Verdade.
Para isso, é necessário que faças calar todas as Verdades, todas as tuas Aquisições, todos os teus Conhecimentos, todas as Crenças, sem nenhuma excepção.
Tu não podes ser preenchida pela VERDADE ABSOLUTA enquanto existirem em ti, tergiversações, hesitações, enquanto o teu Mental te fizer crer que estás cheia de Conhecimentos que vêm entrechocar, entrar em contradição.
Não há Síntese possível.
Tu podes permanecer sempre a analisar, mas jamais a análise te conduzirá a uma Síntese, neste caso, e ainda menos a uma Integração.
Tu estará, sempre, dividida e fragmentada, consciente das diferentes partes que te animam, sem qualquer possibilidade de comunicação entre elas, excepto às vezes, porque assimilaste a construção do teu Corpo de ETERNIDADE a uma montagem de tijolos.
Mas esses tijolos não se encaixam uns com os outros.
Aí também, é muito simples, aceita ver o que construíste!
Aceita ver os teus próprios Raciocínios.
Porque a razão vai levar-te, sempre, ao «não…mas» ou ao «sim…mas» e a impressões, vagas ou intensas, mas que permanecem Impressões, ou mesmo Intuições.
Nenhuma certeza pode daí emergir.
Nenhuma Verdade pode daí emergir.
Porque tudo é Relativo.
Mas tu não és Relativo.
É sempre sedutor, para a Personalidade e para o SER, gritar aos quatro ventos que existe o Livre-Arbítrio.
O Livre-Arbítrio apenas resulta da Confusão entre diversas Crenças, diversas Experiências, diversas Impressões.
O Livre-Arbítrio faz-te crer que tu és Livre.
Mas tu não és Livre enquanto houver o «sim …mas».
Enquanto houver «sim… mas», significa que, em alguma parte de ti, existe algo que acredita ou que pensa, que se pode enganar.
Aliás, o Mental sempre se engana.
E nas Escolhas, sempre em 50% dos casos, e isso é estatística.
Em todas as Escolhas, tu tens a possibilidade de te enganares, uma vez em duas.
Para não mais haver Escolha, para não mais manifestar o «sim…mas», é necessário instalares-te na Liberdade, na Acção de GRAÇA, porque, nesse momento, não é mais o teu Mental quem decide o que é Verdadeiro ou Falso, o que é Correto ou Não-Correto, mas é a própria LUZ, esta GRAÇA também, quem trabalha.
Enquanto acreditares trabalhar, tu permaneces no Livre-Arbítrio e, portanto, no «sim… mas», na Impressão.
Daí não pode sair nenhuma certeza.
E, aliás, é lógico porque tudo isso é incerto e improvável.
Move-te! …Volta para onde não há mais nenhuma probabilidade, nenhuma possibilidade de errar, de «sim…mas», de suposição.
Coloca-te no que ÉS e não no que tu acreditas.
E, deixa vir…Não a impressão, mas a LIBERDADE.
Tudo o resto irá resultar disso.
Sem a tua intervenção, sem o Livre-Arbítrio, mas na LIBERDADE.
O Livre-Arbítrio acorda-te a possibilidade de te enganares, o que é sedutor para o Espírito, sabendo que ela se engana, sempre, uma vez em duas.
A VERDADEIRA LIBERDADE, aquela da ACÇÃO da GRAÇA, não pode dar nenhum lugar ao erro.
Porque isso está além da Experiência, além da Dualidade, além da Escolha.
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